Férias no País Basco: Flysch, uma certa história da Terra

"Trata-se de uma série de estratos sedimentares depositados no oceano há 87 a 50 milhões de anos, com alternância de rochas calcárias, resultado de avalanches submarinas chamadas "turbiditos", e rochas margas. Há cerca de 35 milhões de anos, esse mar começou a se fechar sob a pressão das placas que deram origem aos Pireneus, causando o surgimento dessas rochas", explica Alistair Brockbank, geomorfólogo e gerente de projetos do CPIE (Centro Permanente de Iniciativas Ambientais) da Costa Basca.

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Dobramento característico

O resultado é tão majestoso quanto espetacular. As falésias bascas, de formato característico, são o resultado da colisão entre as placas Ibérica e Eurasiática, elevando o que antes era um leito marinho submerso sob centenas de metros de água. Sob pressão tectônica, as camadas se deformam, dobram-se e sobem, ora horizontalmente, ora verticalmente, ou até mesmo se dobram em duas, revelando esta paisagem. Este é particularmente o caso de Saint-Jean-de-Luz, aos pés da Ponta Sainte-Barbe, que apresenta uma excepcional dobra anticlinal (ou dobra de joelho) que pode ser apreciada a partir do paredão de Socoa ou, melhor ainda, aproximando-se de caiaque ou prancha de stand-up paddle.

A algumas centenas de metros de distância, a enseada conhecida como Motels Basques (atrás do hotel La Réserve), não muito longe da Pile d'Assiettes (uma formação infelizmente desaparecida), oferece outra perspectiva espetacular sobre essas dobras. Do forte de Socoa, ergue-se outro flysch de estratos quase verticais, que se deforma cada vez mais ao longo dos 9 km da Corniche Basca. Embora este trecho da trilha costeira esteja agora fechado para pedestres devido ao risco de deslizamentos de terra, as formações flysch da Corniche ainda podem ser admiradas na propriedade Abbadia, especialmente do topo da Baía de Loya ou de frente para os rochedos de Deux Jumeaux.

Um passeio acessível a todos, que será completado com uma visita a Asporotsttipi, uma antiga fazenda basca convertida na Maison de la Corniche, onde uma divertida exposição permite entender melhor o flysch e a biodiversidade do local.

Extinção dos dinossauros

Com camadas que datam de mais de 90 milhões de anos, a geologia da Costa Basca é frequentemente apresentada como um livro de história da Terra. As rochas que a compõem contam a história da experiência do nosso planeta durante o período Cretáceo, até seus episódios mais significativos, como o desaparecimento dos dinossauros.

Nas profundezas dos estratos, uma camada fina e escura conhecida como limite KT (Cretáceo-Terciário) marca a transição abrupta do período Cretáceo para o Terciário há 66 milhões de anos, após a queda de um meteorito que desencadeou a quinta extinção em massa. Um testemunho do tempo pode ser visto em Bidart, entre as praias de Erretegia e Pavillon Royal, na maré baixa.

Embora o limite do KT nem sempre seja fácil de identificar para leigos, o CPIE litoral basco está organizando um passeio no dia 25 de julho para descobrir este local e entender melhor essas formações geológicas que tornam a Costa Basca única.